8.5.06

Depois de muito tempo volto a escrever aqui. Aconteceu muita coisa desde o último post, andei bastante por aí, e puta merda, como tem coisa pra botar aqui....

Bom, “morei” por dois meses em Portugal e, como se não bastasse a quantidade de coisas que vêm à cabeça quando se viaja assim sozinha pela primeira vez, sem data para voltar e sem muito planejamento, fui parar bem em Portugal...

Acho que pra qualquer brasileiro é uma experiência especial estar lá, não só por causa de toda a ligação histórica, por ter ouvido falar de vários daqueles nomes, lugares e monumentos na escola, mas tb pela forma como aquilo tudo pode mexer com a gente...

É uma sensação estranha. Como em qualquer outro país, o brasileiro pode ter alguns problemas para passar na imigração, afinal muitos conterrâneos nossos entram e ficam ilegais, enfim, aquela coisa que todo mundo conhece. Além disso, em vários momentos os portugueses não são nada simpáticos conosco, especialmente as mulheres. Ok, isso tem um pouco a ver com a própria personalidade deles, e não só deles, mas é que no Brasil é diferente, e, talvez por estarmos falando a nossa língua haja esse estranhamento ao constatar essas diferenças. No caso das mulheres, isso pra mim é inveja mesmo, afinal elas são feias e brutas, aí quando chega a brasileira lá já viu né....

Não quero ser injusta. Fugindo da regra, encontrei também alguns portugueses e portuguesas muito simpáticos e atenciosos, mas em geral quando eu estava numa situação turística, e não quando parecia que eu morava lá.

Certo, essas coisas o brasileiro pode sentir em qualquer lugar, é comum o povo ser desinformado e ao ouvir que somos do Brasil falar “carnaval, samba!” pensando em “peitos! xerecas!”, ou ainda, como eu ouvi de um coreano aqui na Itália, “salsa!”.

Claro que eu saí do Brasil preparada pra tudo isso, eu não sou trouxa né. Com relação especificamente a Portugal, eu tinha na cabeça uma coisa fraternal entre nós e eles, olhando pelo lado espiritual mesmo, e continuo acreditando nisso, que não foi por acaso que os portugueses é que colonizaram o Brasil, a formação do nosso povo, nossa independência, e por aí vai, está tudo ligado e tem uma motivação, e é óbvio que Portugal faz parte disso. (Sobre esse assunto: Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho - Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel. Isso pra quem topa ler livros espíritas.)

Mas aí vc vai ouvindo as histórias de brasileiros que moram lá, junta com essa ou aquela atravessada que levou da moça da TAP, aí entra numa igreja cheia de ouro e madeira, e depois em outra, junta tudo e começa a pensar na relação metrópole-colônia de anos atrás, na situação do Brasil hoje, e, claro, também na de Portugal, afinal quem vai lá hoje só tem idéia de que aquilo foi um país tão poderoso e tão rico quando olha para os monumentos ao passado, os nomes das ruas, etc etc...

Ok, Portugal passou por anos de ditadura e isso prejudicou muito o país. Então você finge que perdoa e liga a TV para assistir.... Malhação! Depois, Alma Gêmea, Belíssima, isso pra não falar nos comerciais com a Ivete Sangalo, nos vários shows de artistas brasileiros, enfim, na enorme quantidade de cultura brasileira (um pouco da boa, mas principalmente da ruim) que eles importam, e consomem que é uma maravilha...

Então vc se dá conta do movimento contrário, pq o povo brasileiro tem tanto do português, mas hoje o português também tem muito do brasileiro...

E aí eu tenho que confessar que a minha cabeça fica meio bagunçada, uma mistura de raiva e desprezo com afinidade e aquela consciência fraternal de que eu falei. Então é melhor pensar nos amigos que fiz (além dos que eu já tinha e que foram a razão de eu começar a viagem por lá), na experiência que eu ganhei e em tudo o que eu aprendi e me preparei pra essa próxima fase da viagem, além, é claro, do bolo de arroz e do meu leitinho Ukal.