9.7.07

não vejo não

Eu nunca leio a Veja. Acho uma merda de revista, um catálogo de anúncios publicitários e jornalismo (?) da pior qualidade. Acho que eu sou mais o finado Notícias Populares do que esse lixo mal disfarçado que os Civita fazem circular semanalmente.

Aqui em casa assinam, então ela sempre passa na minha mão, eu olho a capa, mas evito ler, pq me dá nos nervos. Mas essa semana acabei lendo por indicação dos colegas de uma lista de discussão de genealogia italiana da qual participo. Diziam que tinha uma matéria falando sobre o consulado italiano. É, tem. Mas pra chegar nela, vi cada coisa...

O que me deu nos nervos foi uma página assinada pelo Reinaldo Azevedo, que veio da tucana - e finada - Primeira Leitura, antes conhecida como República.

O fato que justifica a matéria: um professor da UnB foi punido pela direção da faculdade por ter usado o termo "crioulada" para se referir aos negros americanos (imagino que sejam estadunidenses, mas enfim...).

Isso não me parece notícia que mereça uma página da "revista semanal de maior circulação do país", né?

Pois, a idéia não era essa mesmo. A quantidade de tiradas raivosas e reacionárias no texto chama a atenção, bem como a falta de "nexo jornalístico" (talvez eu tenha inventado isso agora), destas para com o assunto dito principal.

Primeiro parágrafo:
"A Universidade de Brasília é a vanguarda do retocesso no Brasil. Há dias, seu site dava destaque a um professor cubano, '100% Fidel Castro', que exaltava as virtudes do planejador Che Guevara, o fascínora que matava por um pedaço de pão", e continua criticando o sistema de cotas da UnB, que "é líder nas ações afirmativas em favor dos negros e na estupidez com que as implementa", citando, mais tarde, o caso dos irmãos gêmeos, um aceito pelo sistema de cotas, o outro não, visto que a análise é feita através de fotografias.

Mais para a frente, a palhaçada, ao identificar um dos "culpados" pela punição do professor: "... GustavoAmora, 25 anos, mestrando de ciência política e militante negro - sua pele é só morena - ..."

Eu não quero julgar cotas, ações afirmativas, muito menos o direito de esse senhor pensar o que quiser ou de expressar suas raivas e frustrações. Mas o que me deixa realmente sem esperanças é uma sociedade que aceita, consome, e pior de tudo, faz parte dessa palhaçada que circula semanalmente nas nossas bancas de jornais, sendo vista por muitos (e quantidade não é qualidade, entenda-se), como referência, ou, como dizem eles, "indispensável".

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